No inicio da manha do mês 5 da
era da quarentena do ano 2020, eu me sentei à frente do meu note para
trabalhar, na varanda com luz do dia e pássaros à festejar nosso recolhimento.
O céu estava genialmente azul, a
luz do sol estava amarelo alegria, o mundo estava um pouco quieto, um pouco
calado e com a respiração presa sem saber ao certo quando voltaríamos a
respirar, sem o medo de nunca mais faze-lo.
Naquele dia, a tarde foi caindo
devagar sobre nós e eu percebi que eu já não contava as horas no vidro
translucido do celular ou do relógio eu simplesmente olhava o céu e sabia que –
são “3 horas da tarde “e quando a varanda começava a sombrear muito lentamente
eu já sabia que as “5 horas da tarde” caminhava mansamente ao meu encontro é
era como uma gata em busca de abrigo me lambia as pernas e me dizia : hora de
encerra
r.
Nestes meses em casa os dias não se
arrastaram, eles, os dias, disparavam em direção ao fim, e o fim para cada um
seria diferente. De novo inertes estávamos nos aqui parados olhando a ação da
natureza, do tempo e de Deus.
Todos os dias são diferentes,
mesmo com a rotina do trabalho, tenho horas de contento e pequenos delírios,
horinhas de encantamento isso tudo mesmo com a pandemia nos assolando e o
pandemônio instalado pelos homens.
Tenho dias, de sóis quentinhos,
sentada na calçada, oras com Abel e sua preguiça pegajosa e oras com Axel com
sua independência canina fingindo não me ver ali, bem ali do seu lado quase deitada...
pensando em nada só sentindo levemente o mundo respirar.
Eu tenho visto os olhos de meus
filhos, a testa enrugada do meu marido e tenho ouvido as historias do mundo, as lágrimas incontáveis de tantas pessoas, a força inabalável de outras que saem
para lutar todos os dias.
Tenho ouvido o silencio do poder (Shiiii)
!Enquanto a roda gira e nos esmaga, estamos sem Ar....
Estamos indo embora, somos muitos
partindo da vida de uma única vez, estamos partindo sem dizer – Adeus, eu te
amo ou eu te amei tanto.
As dores de tantos corações juntos, apertados e
rasgados ao meio sem despedidas... As dores de um mundo inteiro dentro dos meus
olhos, apertando meu pequeno coração.
Eu,...Não conto mais os dias, isso
hoje, não parece fazer sentido...estamos só aqui...todos nós...esperando poder
respirar e acordar no dia seguinte.
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