terça-feira, 26 de maio de 2020
domingo, 24 de maio de 2020
Os dias da quarentena:
No inicio da manha do mês 5 da
era da quarentena do ano 2020, eu me sentei à frente do meu note para
trabalhar, na varanda com luz do dia e pássaros à festejar nosso recolhimento.
O céu estava genialmente azul, a
luz do sol estava amarelo alegria, o mundo estava um pouco quieto, um pouco
calado e com a respiração presa sem saber ao certo quando voltaríamos a
respirar, sem o medo de nunca mais faze-lo.
Naquele dia, a tarde foi caindo
devagar sobre nós e eu percebi que eu já não contava as horas no vidro
translucido do celular ou do relógio eu simplesmente olhava o céu e sabia que –
são “3 horas da tarde “e quando a varanda começava a sombrear muito lentamente
eu já sabia que as “5 horas da tarde” caminhava mansamente ao meu encontro é
era como uma gata em busca de abrigo me lambia as pernas e me dizia : hora de
encerra
r.
Nestes meses em casa os dias não se
arrastaram, eles, os dias, disparavam em direção ao fim, e o fim para cada um
seria diferente. De novo inertes estávamos nos aqui parados olhando a ação da
natureza, do tempo e de Deus.
Todos os dias são diferentes,
mesmo com a rotina do trabalho, tenho horas de contento e pequenos delírios,
horinhas de encantamento isso tudo mesmo com a pandemia nos assolando e o
pandemônio instalado pelos homens.
Tenho dias, de sóis quentinhos,
sentada na calçada, oras com Abel e sua preguiça pegajosa e oras com Axel com
sua independência canina fingindo não me ver ali, bem ali do seu lado quase deitada...
pensando em nada só sentindo levemente o mundo respirar.
Eu tenho visto os olhos de meus
filhos, a testa enrugada do meu marido e tenho ouvido as historias do mundo, as lágrimas incontáveis de tantas pessoas, a força inabalável de outras que saem
para lutar todos os dias.
Tenho ouvido o silencio do poder (Shiiii)
!Enquanto a roda gira e nos esmaga, estamos sem Ar....
Estamos indo embora, somos muitos
partindo da vida de uma única vez, estamos partindo sem dizer – Adeus, eu te
amo ou eu te amei tanto.
As dores de tantos corações juntos, apertados e
rasgados ao meio sem despedidas... As dores de um mundo inteiro dentro dos meus
olhos, apertando meu pequeno coração.
Eu,...Não conto mais os dias, isso
hoje, não parece fazer sentido...estamos só aqui...todos nós...esperando poder
respirar e acordar no dia seguinte.
segunda-feira, 4 de maio de 2020
Ainda Perdida...
Eu me perdi há tanto tempo atrás que não sei saberia
encontrar meu caminho de volta.
Me perdi dentro de mim, do meu eu , do meu ser
Não, eu não me perdi em qualquer lugar, me perdi dentro de
mim, das minhas dores, saudades e lágrimas.
Me perdi dentro dos pensamentos , das duvidas e de minhas
incertezas.
Ainda não sou eu, quem escreve é um só espectro do que eu
achei que seria um dia.
Não tenho olhos, não tenho olfato e não vejo , estou cega.
Corro, corro e corro todos os dias para além de mim.
Para além das minhas barreiras e das minhas certezas?!
Não sigo mais a frente... O futuro e um novo amigo que ainda
não conheci e não sei se quero conhece-lo.
O presente me desbota e o passado esta lá atrás, eu não me
viro mais para encara-lo.
Mesmo que hoje eu ache, pense e talvez tenha alguma certeza,
eu não estou pronta para dar o próximo passo.
Eu sigo o caminho do sol, das nuvens, chuvas e tempestades e
das borboletas leves almas, doces que bailam aos nos olhos mais poucos a veem.
Não existe nada nesse mundo que não seja belo, cada um a sua
maneira, cada um do seu jeito, com sua cor, estranhezas e sabores...e as dores.
Correr agora parece inoportuno e não me parece sábio.
Eu olho de cima do muro a rua vazia, ouço o cachorro
latindo, um gatinho no telhado, beija- flores na minha arvore são muitos, nunca
vi tantos! O sol ilumina, o vento seca meu rosto, mas o grito continua lá sufocado,
triste e sem consolo...
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